quinta-feira, abril 11, 2013

"...pode alguém ser deveras feliz?"

Somente a literatura para definir o que as religiões tentam entabular em discursos afetados e alambicados - e com mais beleza - onde, de fato, mora a beleza em um mundo grávido de instabilidades e devires. Parafraseando Richard Dawkins: já não basta a beleza do jardim, por que se deve imaginar que ali moram fadas?

"... pode alguém ser deveras feliz? Posso eu, por exemplo, me considerar infeliz só porque sou doente, só por causa do meu caso triste? Mas se posso ser feliz! Palavra que não entendo como é que existe gente que ao passar por uma árvore não se sinta feliz em vê-la! Como pode uma pessoa conversar com outra e nã osentir felicidade em amar essa outra pessoa? Estão entendendo? O que digo é certo, exato, nítido! Só que nã oconsigo me exprimir certo... E que de coisas inefáveis deparamos a todo instante, a cada passo, tantas e tais que mesmo o homem mais desesperançado tem de se sentir feliz, pelo menos ao dar com uma delas! Que nossos olhos batam no rosto de uma criança, que nossos olhos se deslumbrem diante do nascer do sol, que se abaixem para ver como a erva cresce! Isso não chega para a felicidade? E se nossos olhos dão de chofre com uns olhos que nos amam?!" [O Idiota, Dostoiévsky, p. 611]

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