sábado, junho 29, 2013

"O colosso", de Goya. Algumas impressões

Goya foi um pintor sensacional. Viveu no século XVIII em uma época de mudanças. Era sensível aos acontecimentos de sua época. Pintou quadros inquietantes e que, de alguma forma, imprimiram uma admiração profunda pela sua obra. O quadro acima se constitui em um desses momentos sensacionais. O quadro é uma antecipação àquilo que ficou conhecido em sua obra como "Os desastres da guerra" e as "Pinturas Negras".

"O colosso" é um óleo sobre tela (116x 105 cm). O que é curioso no quadro é a prevalência das cores escuras, de tonalidades sombrias e que transmitem uma ideia de pessimismo e apocalipse. As nuvens em tom cinzento escondem um musculoso e ameaçador gigante que passa por cima de montanhas e gera uma debandada de homens e animais que fogem sem direção. Aturdidos com tal cena, o caos se instala. Alguns vão para a esquerda; outros, para a direita. O que é curioso é que a ideia de desarticulação e anarquia da fuga, não pertuba um asno que permanece impassível com o acontecimento (no canto inferior esquerdo). 

Alguns historiadores e críticos sustentam que o quadro tinha uma intencionalidade clara: criticar as invasões napoleônicas em solo espanhol. O gigante seria Napoleão que, assim como na pintura tem o punho levantado com intentos agressivos, traria o caos e a guerra. A debandada desorganizada seria o estado em que ficaria o país. O asno imperturbável representaria Fernando VII e a nobreza que permaneceriam apáticos e inamovíveis em sua condição não resiliente. Simplesmente genial esta pintura!

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