segunda-feira, março 09, 2015

Uma resposta - mais uma!



Uma resposta!

Meu caro xxxxx, você acredita realmente nisso? A realidade é um dado objetivo da materialidade, mas essa materialidade não é apenas aquilo que realmente vemos. Não existe um fazer político sem ideologia e nem oportunismos. O movimento é ideológico (por mais que a maior parte de pessoas que estão nele nem saiba o que acontece nos bastidores do mundo político) e, portanto, político em sua essência. Então vamos lá: 

(1) Carta Capital é uma revista diferente dos demais veículos hegemônicos. Ela possui aproximações com a esquerda, sim. É uma opção ideológica. Mino Carta assim se define. Não há problemas com relação a isso. O grande problema, no Brasil, são as outras que se dizem imparciais. Elas afirmam isso, querendo deixar claro que são isentas, independentes, mas trabalham contra a democracia, contra o povo por, constantemente, "desvirtuarem" informações com finalidades muito óbvias. Com relação à publicidade: O governo é um dos maiores pagadores - e um bom pagador! Todas as grandes mídias recebem dinheiro do governo. A publicidade feita por ele gera cifras milionárias. Por exemplo, em 2013, a Rede Globo lucrou quase um bilhão com publicidade do Governo Federal. Não é somente a Carta Capital. 

(2) O movimento que se organiza para a suposta “passeata da indignação” possui, sim, apoio partidário. Não enxerga quem não quer ver. O PSDB com seu núcleo duro (FHC – uma ratazana política, metida a intelectual -, Aloysio Nunes, Aécio, Serra, Jeressaiti etc), representantes de um setor da sociedade brasileira, são os mais interessados nessa “onda de descontentamento”. Eles não verbalizam isso de forma explícita por saberem que apoiar um golpe traria problemas com a opinião pública. Mas, no fundo, haverá participação dos sujeitos desse partido. Essa manifestação não foi orquestrada pelo povo apenas. Ela é resultado de um tipo de postura golpista que sempre existiu nesse país. Se formos analisar a história da tenra e claudicante República Brasileira, nunca ficamos mais de trinta anos sem que houvesse um golpe. É inadmissível para as elites desse país (que tem o PSDB como principal partido a os representar), que um partido como o PT fique tanto tempo no poder. Criam factóides diários, como a dita aberração: “Foi o PT que inventou a corrupção”. Ou: “O maior escândalo de corrupção da história do país”. Quer saber mesmo? O maior escândalo de corrupção desse país foi a privataria tucana do Governo FHC. Ou o saque que Don João VI fez aos cofres do Banco do Brasil, quando voltou para a Europa no século XIX, entre outros escândalos. Sabia que, quando Caminha terminou escrever a sua famosa carta para o rei de Portugal, pediu para que o monarca arranjasse um emprego para um parente seu, num flagrante claro de nepotismo? Ou seja, estava fundado ali o jeitinho brasileiro. Falar de corrupção sem considerar a história é agir de má fé. 

Os representantes dessa elite caricata que chegou aos nossos dias, ainda estão insatisfeitos com a derrota na última eleição. Já tentaram invalidá-la por duas vezes junto ao TSE, lançando suspeições sobre a apuração que deu a vitória a Dilma. Esse tipo de postura golpista aconteceu em 1954 contra Getúlio; aconteceu em 1964 contra Jango. Marchas como essas são a materialização de um movimento sujo, subterrâneo, ideologicamente enviesado das elites brasileiras, que têm nos banqueiros, nos donos de mídias, nos donos do capital rentista e em outros setores conservadores sua sedimentação; querem que o deus mercado triunfe sobre as necessidades mais prementes do homem simples, que trabalha e trabalha duro para sustentar a sua família em uma periferia. O que esse povo deseja é um tipo de estado que os sirva. Aquelas pessoas que irão à famigerada passeata (fascista em sua essência por não aceitar o que a maioria decidiu nas urnas em outubro passado) são, no fundo, massa de manobra. São brasileiros formados pela mídia. São pessoas que, do alto de seu conservadorismo anacronicamente atômico, acham que estão sendo sujeitos de um movimento legítimo. Não. Como já disse: “esse movimento é golpista, é fascista, é subproduto, de um outro movimento, que tem nas elites brasileiras, a sua principal fonte criadora. 

Já tentaram “deslegitimar” as eleições e viram na manifestação do dia 15 a oportunidade tão desejada. São pessoas que nunca olharam para trás para entender a história do seu país. Que acham que a materialização do presente é resultado, unicamente do presente. São pessoas que acham que Dilma governa o país sozinha e que faz o que bem quer. São pessoas que pensam que a realidade, o presente, está desligado das demais contingências. São pessoas que nunca leram um clássico da historiografia, da sociologia ou da antropologia para entender o que é o mundo político e acham que sabem das coisas. São pessoas que não sabem que os poderes da República são independentes e harmônicos entre si e que o Executivo não manda como quer no país. São sujeitos induzidos pela mídia, que, no Brasil, julga e condena antes que os órgãos oficiais do Estado o façam, num verdadeiro atentado contra a Constituição. São pessoas que desrespeitam a presunção de inocência e ônus da prova. Em suma, são aquilo que a Marilena Chauí fala tão bem: são um abominação ética, uma abominação política e uma abominação cognitiva.

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