terça-feira, abril 21, 2020

20 de abril - dia do vinil

Um dos meus vinis de uma das minhas bandas favoritas
Ontem, foi o dia do vinil. Isso mesmo... Existe um dia do vinil. O bolachão já foi um produto vulgar. Cresci com eles. Meu pai era dono de centenas - Amado Batista, Luis Gonzaga, Alípio Martins, Evaldo Braga, Carlos Alexandre... uma incontável plêiade de artistas do brega (a maior parte). Era obrigado a escutar aquelas canções carregadas de um sentimentalismo piegas. Do eu poético que sofre por amor, que idealiza a mulher. Mas, que no fundo, é macho, não dar o braço a torcer. Há um descompasso no brega: ao mesmo tempo que se idealizava a mulher, ela é vista como algo menor em relação à força do homem. 

Quando adolescente, comprava os vinis por cinquenta centavos. Nessa época, comecei a comprar alguns de rock. Já tinha um número razoável de bandas de rock e artistas de que gostava - Led Zepellin, Deep Purple, Man At Work, The Cure, Bob Dylan, Chico Buarque etc. Meu irmão num assomo de loucura (até hoje não discernível) vendeu as minhas dezenas de vinis por módicos trinta reais. Fiquei incrédulo. 

Atualmente, voltou a paixão por tê-los mais uma vez. Compro-os frugalmente. O preço anda nas alturas. Um vinil não sai por menos de cem reais. Estão "gourmetizados". Tornaram-se um produto "cult", inacessíveis, para sujeitos retrógrados - ou, simplesmente, esquisitos.

As novas gerações questionam a importância disso. Com o acesso caudaloso aos "streamings" de música, tipo Spotify, quem se interessa por vinil? É justamente aí que está a questão. Existem certos prazeres que são raros e inexplicáveis. 

Ouvir um vinil está nessa conta. Abri-lo. Tirá-lo do saquinho. Conferir o encarte (verdadeiras obras de bom gosto, a maior parte da vezes). Sentir o cheiro (vinil tem cheiro). Colocá-lo no prato da radiola. Perceber a rotação. Movimentar o braço da radiola. Posicionar o braço no início. Escutar, às vezes, os estalidos. Apreciar o som límpido, com as camadas corretas da música. 

Acima, um dos discos mais importantes da história do rock: "Moving Pinctures" (1981), do Rush. Trata-se de uma obra-prima.

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