domingo, março 14, 2021

As redes sociais - vídeo da BBC

Ilustração do polonês Pawel Kuczynski

A linguagem usada pelas redes sociais é bastante curiosa. A começar pelo termo “rede”. Rede é uma malha com aberturas regulares, usada para apanhar coisas ou seres. É assim que falamos em rede de pesca, que serve para capturar peixes ou outros animais provenientes de água doce ou salgada. A rede também serve como armadilha. Os aracnídeos, por exemplo, utilizam-nas como um artifício para armar emboscadas.

A teia construída pela aranha é uma rede resistente e serve como elemento indispensável para a própria sobrevivência. É nesse espaço delicado e resistente que capturam certos animais para se alimentarem deles. Os animais distraídos que caem ali são incapazes, uma vez presos ao material na teia, de sair e acabam servindo de alimento para a aranha.

Outro termo bastante curioso utilizado pelas redes sociais é a ideia de “usuário”. Como diz a reportagem da BBC (vídeo abaixo), apenas duas indústrias classificam seus consumidores com tal termo – a indústria do narcotráfico e a poderosa e narcotizante indústria das redes sociais. No caso dessa última, os seus consumidores são chamados de usuários, talvez, pelo potencial viciante que ela possui.

Já pensei diversas vezes em largar Facebook, Instagram, Whatsapp e toda essa parafernália que nos tornam seres passivos e dopados pelo seu poder espetacularizante. Por trás disso tudo, existem pessoas que pensam 24 horas como tornar os chamados “usuários” em seres cada vez mais dependentes. Com essa “dependência” por parte de adultos, adolescentes, crianças, são geradas cifras bilionárias. As poderosas corporações que lucram com esse sistema de vigilância sabem muito bem como proceder para tornar “os usuários” em reféns. A matéria consumida é o tempo. Horas e horas são tragadas pelos usuários diariamente.  Segundo pesquisa da Global Digital Overview, em 2021, os brasileiros ficaram, em média, 3 horas 31 minutos, por dia, expostos às redes sociais.  De acordo com essa mesma pesquisa, cada usuário fica 100 dias por ano conectado à internet. Um número que impressiona. Trata-se de um fenômeno novo, causador de dependência psicológica.

Como a excelente reportagem da BBC explicitou, “somos seres carentes de atenção”. As redes sociais potencializam esse lado das carências psicológicas. Os usuários permanecem presos, pois se tornam adstritos às “curtidas” e respostas dos supostos amigos – “seguidores”. Cada curtida gera uma sensação de bem-estar, de reconhecimento. Na selva dos individualismos gestados pela modernidade, quanto mais uma postagem é curtida, mais a sensação de recompensa é satisfeita. No fundo, o vício é oriundo dessa relação entre aquilo que eu posto e aquilo que obtenho dos outros com quilo que posto.

Os inventores e administradores dessas redes entenderam isso. É a partir da relação de dependência que eles lucram cifras altíssimas. O vídeo explica muito bem isso:

 


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