As eleições de 2022 evidenciaram que o bolsonarismo é um fenômeno consolidado na sociedade brasileira. Milhões de brasileiros decidiram dobrar a aposta e garantir ao atual governo a possibilidade de mais quatro anos de mandato. É simplesmente assustador. Não me refiro apenas à eleição presidencial. O que aconteceu nos estados – principalmente nas regiões do Centro-Sul – nas eleições para governador, senador e deputado federal, é um fenômeno que deixou desolado o indivíduo mais otimista. Em um país "normal", sem as fraturas psíquicas e as contradições que possuímos, Bolsonaro seria fragorosamente enxotado do cargo.
Os mais de 50 milhões de votos
recebidos por Bolsonaro é um golpe impiedoso na sensatez e na razão. Como
explicar algo assim? O governo Bolsonaro é um dos piores da história da
República. Qualquer dado que seja estudado demonstra que houve mais retrocessos
do que avanços em várias áreas. A gestão da pandemia por si só nos coloca
diante de uma tragédia. A falta de humanidade, de simpatia para com milhões de
brasileiros que morreram ou que tiveram seus familiares enlutados é indignador;
o atraso intencional e sistemático na aquisição das vacinas também estarrece. O movimento antivacina. O incentivo ao uso de medicação equivocada também impressiona. O
questionamento absurdo à ciência. O discurso violento. As falas desumanas. A
misoginia. O cristianismo de faixada. As intenções destruidoras. O armamento
sem precedentes da população brasileira. A retórica golpista. O desrespeito às instituições.
O jogo constante que procura impor um olhar de descrédito a tudo aquilo que se
refira aos pressupostos da razão. A falência econômica. A inflação. A fome que
passou a assustar como um fantasma milhões de brasileiros pobres. O neoliberalismo em seu estilo mais cru. Todo esse repertório de políticas negativas deveria mobilizar o país para uma posição defensiva.
Todavia, parece que isso não
importa. O brasileiro não parece, simplesmente, fazer um esforço para conectar os fatos. É como se ele
ignorasse o quanto significam quatro anos de um novo mandato do atual governo.
Com a pujança que conseguiu nas eleições parlamentares, o que ainda nos resta de
proteção social e trabalhista na Constituição de 88, será simplesmente
atropelado e solapado. A única música que o brasileiro consegue mimetizar é: “Lula
não”. “PT nunca mais”. Sem pensar nas consequências da sua escolha.
O país não está lidando com um
indivíduo qualquer. Estamos lidando com um projeto miliciano, que tem por
objetivo acabar com as conquistas civilizatórias do país. É a construção de uma
ditadura explícita, assim como já se deu na Hungria ou na Turquia. O bolsonarismo sai forte da eleição; e, o
Brasil, enfraquecido.
2 comentários:
Não há dúvida de que esse horror não é só da pessoa física desse presidente atual, que há uma cultura da desigualdade e da injustiça.
Mas há uma esperança, Carlinus: venceremos para a Presidência. A não ser que nos matem antes, que matem mais de 6.000.000 de eleitores que puseram Lula à frente, reelegê-lo-emos no segundo turno.
Escreva sobre isso também, para ajudar-nos a lembrar que, acima do céu sombrio e tempestuoso, brilha uma estrela, a dar-nos uma esperaça.
Que venha o segundo turno, pois ele será só o começo do maior desafio da história brasileira recente!
E, sobretudo, ânimo! O jogo só se inicia! Ouça uma linda canção e respire!
Sim, Frazec. É o que esperamos. Mas confesso que fiquei desanimado - principalmente com as eleições para o Parlamento. Se o Lula ganhar, não terá um governo fácil.
Um grande abraço!
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