segunda-feira, outubro 31, 2022

Jair, o homem pequeno


Segundo reportagem da Folha de São Paulo, Jair Bolsonaro foi dormir cedo após saber que havia sido derrotado nas urnas. As luzes do Palácio da Alvorada apagaram por volta das 22h06. Uma clara metáfora de um dos governos mais ineptos da história da República. Assessores e membros do Governo tentaram dialogar com o presidente. A imprensa queria ouvir as suas palavras. Um único pronunciamento que fosse de reconhecimento da vitória de Lula. Todavia, “o imbrochável” não demonstrou grandeza nem quando perdeu. Esquivou-se em um aceno de orgulho e covardia.

A reportagem da Folha ainda afirma que ele esteve a maior parte do dia com o filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, implicado no esquema das rachadinhas. Como deve ter estado o seu humor? Como terá falado com a Michelle? Diz um dos capítulos da história que Nero, após ter ateado fogo em Roma, ficou do alto do seu palácio tangendo uma harpa, enquanto a cidade pegava fogo. Após o episódio, dirigiu a culpa do evento aos cristãos. Bolsonaro ateou fogo no Brasil nos últimos quatro anos (outra metáfora) e, à semelhança de Nero, não se responsabilizou. A diferença entre os dois é que Bolsonaro nem para tanger harpas possui talento. É medíocre. É pequeno. A única habilidade da qual é detentor é a da ignomínia.

Muita gente sofreu nos últimos quatro anos. Se ele não foi responsável direto pela pandemia, deve ser imputada a ele a negligência e o desdém com que a tratou. 400 mil vidas poderiam ter sido salvas. Famílias sofreram seus dramas. Como no episódio bíblico dos hebreus no Egito, o anjo da morte visitou milhares de lares brasileiros. A vacina era “o sangue” que deveria nos proteger. Ele não o fez. Retardou o quanto pôde a aquisição. Como o faraó do texto bíblico, riu, escarneceu. Imitou as pessoas que morriam sem ar. À semelhança dos mágicos que buscavam imitar o que estava acontecendo no Egito por meio de ilusionismos para impressionar o faraó, alguns médicos desonestos indicaram remédio sem nenhuma comprovação científica.

Mesmo com alguns desses absurdos, recebeu mais de 50 milhões de votos. Algo que impressiona. Quando votaram em Bolsonaro, em quê essas pessoas estavam votando? Qual a mensagem que fica, mesmo tendo experimentado o que experimentaram nos últimos quatro anos?

Recolheu-se no Palácio. Apagou as luzes o homem pequeno. Talvez, tenha ficado em posição fetal. Talvez, nem tenha conseguido dormir. Como estava o seu humor? Como uma criança mimada, talvez tenha ficado emburrado. Tenha se enchido de melindres. Culpado os outros. E, certamente, não reconhecerá os próprios erros. Não fará uma “mea culpa”. Afinal, o que se faz quando não se sabe tanger uma harpa?

Nenhum comentário: