sábado, março 22, 2008

A mudança que escorre

Somos vítimas de oscilações.
De variações químicas.
Em nosso interior um vulcão de
Magmas substanciais.
À testa de cada dia surge um comportamento
E uma impressão diferente.
Ontem chorava, desesperava-me.
Hoje, a sensação fresca de uma liberdade
Preenchida por ideais sem raízes.
O pensamento de que o caminho
É amplo, distante;
Que minhas pernas não suportarão
A caminhada, mas ao mesmo tempo
Serão céleres, titânicas.
A dor passa.
A saudade passa.
O choro passa.
Nada é tão eterno que não se dilua.
Há um solvente invisível que desconstrói
Situações e imprime realidades novas.
Deixa está!
O mundo é feito por variações.
Aquele mago da percepção
Pré-socrática disse que o rio não
Permite dois banhos iguais.
As suas águas rolam com peso,
Silêncio, mutabilidade.
A natureza muda.
As estações mudam.
Primavera, verão, inverno, outono...
A sucessão silenciosa.
A química silenciosa do tempo muda
As eras, os séculos.
Os homens mudam os seus pensamentos.
A paixão passa. Vai embora
Repentinamente assim como veio.
A agonia é trocada pela esperança
E vice-versa.
Angustio-me pela inconstância da realidade.
Talvez em outro momento eu mude o meu pensamento.
Não há fixidez para idéias plásticas.
Apenas devir.

Por Carlos Antônio Maximino de Albuquerque

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