terça-feira, janeiro 01, 2013

"Pálido ponto azul", uma reflexão de início de ano a partir de um vídeo de Carl Sagan

Não quero parecer pedante com este post. Não quero parecer leviano; nem ostentar aquilo que não posso ser. Este é o primeiro post para o ano de 2013. E este blog nunca foi um espaço assediado por visitantes. Insisto em escrever garatujas, pois acho que isso é um exercício catártico. E se alguém passa os olhos por aquilo que escrevo, já me sinto feliz e realizado. Obrigado.

Ontem, assisti a um vídeo de Carl Sagan, o famoso entusiasta da ciência e uma das descobertas mais caras e graciosas do ano de 2012. Li e especialmente vi muita coisa sobre Sagan disponível na internet ano passado. "Pálido ponto azul" é o nome de um dos seus livros mais famosos. No vídeo, que também possui o nome do livro, Sagan faz uma bela reflexão a partir de um evento: A sonda Voyager fora enviada para além de Saturno e de lá tirou uma foto do nosso planeta. Aquela foto acabou impressionando Sagan. Ele viu, na foto, uma mancha pouco interessante. Que não chamava atenção. Não possuía atrativos. Um pequeno ponto pálido, com uma luz bruxuleante, no meio de um universo pontilhado de estrelas.

Naquele ponto tênue, aparentemente sem interesse, estava o centro de sua reflexão. Aquilo era o nosso planeta. A Terra é a nossa casa e fora dela (até agora) não temos notícias de vidas tão complexas como as nossas. Desse modo, Sagan nos propõe uma bela mensagem, afirmando que: apesar desse ponto sem atrativos ser tão inexpressivo no palco amplo e infinito do universo, ele possui uma relevância fora de qualquer especulação para nós. Não somos nada sem ele.

Pois tudo o que conhecemos e desejamos conhecer, fazemo-lo por causa dele. É nesse palco que estão as pessoas que amamos; onde nascemos, crescemos e morremos; é nesse palco que sentimos as nossas dores; é nesse palco de luz trêmula que guerras são travadas para satisfazer a megalomania de alguns e que numa geração seguinte o triunfo conquistado se fragmenta; é nesse mundo, que não possui vantagens em relação a qualquer outro lugar do universo, que fazemos germinar as nossas vaidades, nossos pretensos conhecimentos e inteelctualidade, que nada é senão vento e cinza e que o tempo se encarrega de apagar com suas areias operárias; é nesse palco que grassam as religiões, as ideologias, os combates; é nele que não aprendemos a viver em paz uns com outros, mesmo tendo a mesma origem e possivelmente o mesmo destino, já que não somos eternos - somos transitórios como o pequeno ponto pálido azul; é nesse mundo que vivemos que julgamos as coisas conforme a nossa vontade e não somos capazes de abrir mão daquilo que pensamos como centro de toda a verdade em algumas ocasiões. 

Mas é nesse palco, também, que estão fecundados os grandes atos que nos tornam tão especiais. É aqui que mostramos que somos uma espécie nova, curiosa e com grande potencial criativo. Afinal, foi aqui que viveu uma criatura como Sagan, como Mozart, Beethoven, Bach ou Shakespeare; como eu ou como você: Em suma: é aqui que estão as nossas misérias e as nossas poesias criativas.

E isso me fez pensar: o que vale a pena na vida? O que devo fazer para que a minha vida tenha sentido e seja feliz? Talvez a tentativa de encontrar respostas para essas perguntas seja de fato o grande fundamento da vida. A vida feliz não é baseada na quantidade de respostas que damos, mas na quantidade de perguntas que fazemos. Então, o que devemos fazer para que a nossa vida tenha sentido nesse pequeno ponto pálido azul? 

Conversando com a minha esposa hoje cedo, falávamos justamente sobre isso. E chegamos a um acordo em um ponto: ter um coração receptivo à bondade e ao cultivo de amizade é, talvez, o antídoto mais eficaz a tornar a nossa vida positiva nos 70, 80 ou 90 anos que viveremos. O que torna a nossa vida realmente feliz não é quantidade de conquistas individuais, mas a quantidade de realizações capazes de beneficiar outras pessoas. É isso que dura. Nossa vida é passageira, mas os nossos gestos podem durar mais do que nós. De certa forma, quando praticamos o bem, começamos a nos eternizar. É o amor, a tolerância e a capacidade de nos solidarizar que nos torna a nossa existência com sentido nesse pequeno ponto azul.

Que 2013 seja um ano de bondades explícitas e sorrisos de bondade!

Abaixo, o vídeo de Sagan. Se você não deseja ler o texto, pelo menos assista ao vídeo. Será uma bela reflexão-provocação para o ano de 2013
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