Texto escrito como resposta elaborada por mim a uma pergunta feita por um colega de seminário (hoje pastor presbiteriano). Fiz algumas modificações para que a impessoalidade pudesse prevalecer:
"Xxxxx, paz e bem para você!
Desculpe por não tê-lo respondido antes. Não ignorei sua
mensagem. Apenas quis achar um momento oportuno para tal. Com relação à igreja,
de fato, não estou vinculado a nenhuma comunidade - apesar de, acredito, ainda
está inserido no rol de membros da Igreja Presbiteriana do Cruzeiro. Não quero
passar a ideia de que me tornei mais esclarecido, mais evoluído, mais sofisticado; de que
descobri a pólvora da consciência cósmica e espiritual, mas muito daquilo que é
pregado pela igreja não preenche mais as minhas necessidades. Atualmente, penso
que a Igreja pregue uma dogmática que é mais linguagem do que verdadeira
espiritualidade. A Igreja é uma comunidade que prega uma moralidade castrante e reacionária. Suas expressões estão balizadas em um
conservadorismo que é resultado do antigo judaísmo. Na verdade, penso que
defendamos cegamente aquilo que nos contaram. Nunca fizemos uma investigação
verdadeira. Repetimos a história de uma sociedade que conseguiu perpetuar suas
crenças. A espiritualidade é uma dimensão inegável do ser humano, mas ela não é
privativa de determinado entendimento cultural ou religioso. Continuo desejoso
da verdadeira espiritualidade, mas a espiritualidade dos monges medievais - São
Boaventura, Santa Tereza de Ávila, Santo Agostinho, São Jerônimo, São João da
Cruz... que para mim são modelos de uma verdadeira espiritualidade. Sinto-me
desconfortável quando vou à Igreja e escuto discursos "grávidos" de
uma moralidade que reivindica exclusividade da verdade. A verdade não é algo
que alguns homens tenham e, outros, não. Muito pelo contrário, acredito que exista
uma diversidade de compreensões, pois todas as verdades são verdades do Uno.
Reivindicar a exclusividade da verdade é uma violência contra as leis que regem a
natureza. Na natureza, não encontramos "o um", encontramos "o
muito". A verdadeira espiritualidade é aquela que liberta para viver aquilo que é típico e
característico do ser humano: a capacidade de ser humano plenamente. A
espiritualidade deve impulsionar o sujeito a viver uma humanização verdadeira
na história. Penso que a Igreja só está aberta a dialogar com aquele sujeito
que verbalize a mesma linguagem. O diferente não entra na Igreja. É necessário
que ele se "converta". Conversão (essa palavra!) quer dizer um
"modus operandi" que se coaduna com a récita da comunidade.
Peço perdão se fui agressivo com as palavras e agradeço as
suas orações. Isso demonstra o quanto praticas uma espiritualidade diferenciada.
Alguns podem me criticar. Você, pelo contrário, tenta me entender.
Abraço forte!
P.S. Se quiseres conversar, é só chamar".
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