
Faço essa divagação, pois ontem tive o desprazer de tentar estabelecer um diálogo com um sujeito o qual estudei em um seminário teológico. Nos anos de seminários, notava o quanto o sujeito era "quadrado", radical; o quanto baseava seus argumentos em convicções extremadas. Ontem, pelo Facebook, fiz uma correção a uma afirmação sem fundamento histórico colocada por esse ex-colega e ele me respondeu com uma ironia despropositada. Além do que, enviou-me um texto que, quando li, dei grandes risadas.
O texto busca desqualificar o marxismo, fazendo uma mixórdia de afirmações desencontradas. Fiquei com a impressão irônica de que a principal função de Marx era perseguir o cristianismo e acabar com a religião de Paulo. Um verdadeiro desbunde. Imaginei, ainda, que (se eles - construtores de teologias alienígenas - leram os textos de Marx) eles haviam lido outros textos, que não aqueles escritos pelo autor de O Capital. O nome dado pelos adeptos desse radicalismo esquizofrênico é "marxismo cultural". Marxismo cultural seria o movimento de cunho cultural, alimentado por intelectuais e pelos meios de comunicação de massa para arruinar os valores judaico-cristãos.
O que me chamou atenção foi a incapacidade do sujeito ler os fatos por uma perspectiva crítico-dialética. Ele se diz professor de Filosofia no estado do Maranhão. Temi pelo que o sujeito anda ensinando para os sues alunos. Afinal, ele colocou o socialismo, o nazismo e o fascismo na mesma esteira de comparação. Ele ignora o fato de que foi a União Soviética que derrotou o nazismo. Não quero entrar no aspecto do socialismo real implementado pela União Soviética, já que sempre associam o socialismo às ditaduras variadas. Todavia, vivemos, também, uma ditadura muito bem-disfarçada sob a égide da democracia e da liberdade.
Indicou-me alguns escritores aos quais já tive a oportunidade de conhecer - Peter Kreeft, Olavo de Carvalho, Nancy Pearcey, Charles Colson, William Craig, John C. Lennox. A maioria deles, da direita ultra-conservadora dos Estados Unidos. Ou seja, defensores da política de Bush.
O que me deixa impressionado é saber como um sujeito que se arroga a ser formador de opinião se mostra tão míope. Sua preocupação mais intensa é o movimento homossexual. Desconhece o sujeito que os valores morais seguem a lógica de cada momento da dialética da história. E que a própria sociedade judia possuía os seus valores e esses foram cristalizados no tempo pelo movimento religioso que dogmatizou os seus aspectos culturais. Impressiona-me como os valores culturais de uma determinada sociedade, no caso a judia, por meio dos valores ditos bíblicos, cegam um ser humano ao ponto de descaracterizar, distorcer a própria realidade em que vive. Impressiona-me perceber que, como no Mito da Caverna de Platão, alguém enxerga o mundo por meio de sombras. Assusta-me o nível de embrutecimento gerado pelas convicções da fé. Isso explica, por exemplo, a atitude de um homem-bomba ou a capacidade de ser implacável com os diferentes.
Paulo Freire e Nietzsche me fizeram entender um pouco mais sobre a natureza do humana, demasiado humana.
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