Vi essa imagem sendo veiculada no Facebook e fiquei imensamente
preocupado. Ela aponta para um aspecto terrível e cínico da sociedade
civil brasileira, que é a ausência de consciência crítica. Tal fato,
revela apenas o quanto o reacionarismo conservador é um jogo infame
que busca fazer chacota com as iniciativas da esquerda. É um tipo
melindre tripudiante pouco esclarecido, revelador de ignorância. Não,
senhores, a Dilma não vai trazer as ambulâncias de Cuba. Não há
necessidade. Tais ambulâncias (se forem de Cuba, pois imagem pode ser a
de um carro de algum país da África, que foi arruinada pelo imperialismo
e pelo colonialismo branco da América e da Europa) são o resultado da
prepotência política dos EUA. A fúria covarde da burguesia consegue
fazer com que argumentos fascistas como esse sejam transmitidos e que
boa parte de incautos se locupletem canhestramente com a ideia sem saber
que este é criminoso. (1) porque nega a história do século XX, pois se
existem ambulâncias como estas em Cuba, tal fato se deve unicamente
àquilo que os EUA fizeram com o país em mais de 50 anos; (2) porque nega
a assistência imediata às populações brasileiras que estão esquecidas
em boa parte do nosso vasto país; nega que ainda há mortes e doenças que
poderiam ser facilmente tratadas caso existisse um médico; um exemplo
disso são as comunidades ribeirinhas da Região Norte do país, fazendo
lembrar uma frase do grande Milton Santos: “Nunca houve cidadania no
Brasil. Os pobres desse país nunca tiveram os seus direitos respeitos. A
classe média brasileira nunca quis direitos, quis, sim, privilégio”. ;
(3) porque mostra como vivemos uma espécie de pós-modernismo que não
consegue conectar os fatos da história; e acredito que aqui esteja um
dos grandes problemas filosóficos que tomou conta do homem comum.
Vivemos “tempos gelatinosos” ou um “tempo líquido”, que é a negação de
uma forma ou de uma razão hegemônica, inviabilizando a possibilidade de
um debate em torno de qualquer ideia. Mas, o que se estabelece
hegemônica e paradoxalmente é a lei do capital em sua vertente mais
aterradora, que é a neoliberal. Enfim: é preciso que não olhemos para o
mundo com os óculos que nos dão para enxergar. É preciso que
“descolonizemos o nosso olhar”, aprendendo a olhar com as ferramentas
corretas; enxergando as causas e não os resultados mal explicados. Uma
opção política é sempre uma opção de classe.
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