Escutei há poucos instantes alguns fogos tímidos de sujeitos que
comemoravam o afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Não deveria
haver comemoração. Aqueles que assim fazem não dimensionam o que estão
comemorando. É uma ignorância homérica, um gesto de completo
desconhecimento do mundo duro que é a política; não percebem que é justamente a
política que determina a qualidade de vida que teremos ou deixaremos de
ter.
O tensionamento político que se gestou no Brasil nos últimos meses, não
era só contra o PT ou contra a Dilma. Esse bombardeio era contra os
trabalhadores. O que está em jogo são direitos, avanços, conquistas
sedimentadas no governo que ora sofre o golpe e outras que são o
resultado da luta histórica dos trabalhadores.
Não é bom se enganar nesse sentido: os direitos não vêm pelo fato do
capital ser bonzinho, pelo fato "patrão" se compadecer da condição do "operário". Os direitos são o resultado da cristalização da
luta, do suor, do derramamento de sangue. Assusta-me a ignorância de
quem não percebeu ainda - e ainda comemora a saída de um governo, que
apesar dos erros, resguardou muitos desses direitos, para se fiar por
uma aventura incerta, pelo devaneio neoliberal - que quebrou países com
uma experiência democrática mais consolidada como Portugal, Itália,
Islândia e, o caso mais extremo, a Grécia.
Quebrar um país significa colocá-lo no chão. Significa colocá-lo a mercê dos ditames dos organismos internacionais como FMI, Banco Mundial etc - o quanto teremos de saúde, de educação, de infraestrutura, de empregos, de autonomia.
Não vejo motivos para comemorações. O Brasil é um país que não se leva a sério e que possui uma classe média cega, ignorante, que é vassala; que se acha dona da casa grande. Um país que em 66 anos, apenas três dos seus presidentes terminaram os mandatos integralmente. Não somos sérios. O que está em jogo é justamente isso. Não é simplesmente o fato de retirar um político com o qual eu não simpatizo. Perdemos a oportunidade de avançar. Caminhamos para trás. Talvez daqui a trinta anos, criemos verdadeiramente uma euforia autêntica, genuína, que aponte para avanços sérios.
Quebrar um país significa colocá-lo no chão. Significa colocá-lo a mercê dos ditames dos organismos internacionais como FMI, Banco Mundial etc - o quanto teremos de saúde, de educação, de infraestrutura, de empregos, de autonomia.
Não vejo motivos para comemorações. O Brasil é um país que não se leva a sério e que possui uma classe média cega, ignorante, que é vassala; que se acha dona da casa grande. Um país que em 66 anos, apenas três dos seus presidentes terminaram os mandatos integralmente. Não somos sérios. O que está em jogo é justamente isso. Não é simplesmente o fato de retirar um político com o qual eu não simpatizo. Perdemos a oportunidade de avançar. Caminhamos para trás. Talvez daqui a trinta anos, criemos verdadeiramente uma euforia autêntica, genuína, que aponte para avanços sérios.
2 comentários:
Estou tão descrente que nem escrever mais em meu blog sinto motivação. Comprova-se como nunca o quanto somos um povo débil e atrasado. Você escreveu muito bem.
Os dias são cinzentos, Charlles. Embotam o espírito da gente. Põe um sabor amargo na boca. Coloca-nos em terrenos de incerteza.
Escreva, Charlles, escreva...
Outro dia estava pensando: "Puxa! Tudo isso acontecendo e o Charlles não escreveu uma daquelas reflexões mordentes... tão necessárias!"
É preciso ter muita serenidade nestes momentos. Maquiavel diz em O Príncipe que a qualidade da política é medida pela qualidade da sociedade que a abriga. Se temos uma sociedade de crápulas, de malandros, não devemos esperar outra coisa da política. A ressonância é exata.
Um grande abraço, meu caro colega!
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