terça-feira, janeiro 28, 2020

"Rocketman", algumas impressões


Estava curioso para assistir ao filme Rocketman, que retrata a vida de Elton John, um artista cuja importância é inquestionável para a música pop, e que construiu uma carreira de sucesso em mais de cinquenta anos. O músico, que possui o nome verdadeiro de Reginald Dwight, é interpretado por Taron Egerton no longa-metragem, sob a direção de Dexter Fletcher. O ator consegue um bom resultado em sua interpretação. 

                O filme foge do padrão tradicional das cinebiografias. Não há uma narrativa linear, buscando retratar de maneira fiel os acontecimentos da vida do “homem foguete”. Há a inserção de elementos fantasiosos. Egerton canta as músicas. Dança. Faz acrobacias. Nesse sentido, o timbre de voz busca se aproximar do timbre de Elton John. O ator aprendeu as músicas; os ademanes; o modo espalhafatoso de ser; o sorriso; os dramas; e as sutilezas da personalidade repleta de energia do cantor inglês.

                Elton John, como se pode perceber por meio da obra, foi um garoto que viveu a ausência dos pais na sua formação. Pode-se afirmar que houve uma espécie de abandono emocional por parte do pai. A mãe mostrava-se fútil e assumiu um relacionamento com outro homem. Dwight cresceu tímido. Introvertido. Cioso da presença dos pais. O seu porto-seguro foi a avó. Ela soube arregimentar as melhores palavras. Incentivou o jovem. Apoiou-o na escolha que fez a fim de que estudasse música numa das principais academias inglesas. 

                Observa-se que Elton John possuía um vulcão em si. Seus figurinos exagerados, aberrantes, bregas, são uma demonstração das paisagens interiores de que dispunha. É como se ele guardasse dentro de si um clown, que vinha à tona, potencializado pelo vício em cocaína e álcool e pela força irruptiva da música. O jovem e talentoso pianista se torna um “foguete”, como fica bem exposto em suas apresentações. 

                Foi um artista talentoso. Ao lado do seu companheiro de composição, Bernie Tapin, produziu uma discografia grandiosa e multifacetada. Vendeu milhões de discos. E soube aproveitar os revezes da indústria musical. Houve anos em que produziu dois discos, mantendo-se incrivelmente nas primeiras posições com as músicas mais tocadas. Discos como “Goodbye Yellow Brick Road” (1973) ou “Honky Chateau” (1972) não podem faltar em nenhuma lista dos melhores discos de rock de todos os tempos.

                O filme, entre outros aspectos, é bom. Não tem medo de ser musical, com cenas de dança coreografada, coisa que reputo perigosa, pois pode cair na chatice convencional de se tornar piegas. É dramático na dose certa. É narrado pelo próprio Elton John interpretado por Egerton, que numa roda de viciados, conta os episódios por que passou ao longo de sua ditosa e desditosa existência, até a superação do vício de drogas. 

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