terça-feira, maio 02, 2023

As origens da religião e do deus judaico-cristão

 

                
O fenômeno religioso me interessa em muitos aspectos. O homem é em essência religioso. A religião representa um esforço do homem para organizar e entender o mundo. Ela nos remete a um período da história do gênero “homo” em que era necessário entender a natureza e os seus movimentos. Sem conhecimento científico, sem ferramentas para realizar uma sistematização do conhecimento de forma racional, os homens precisaram criar histórias míticas para que a realidade fosse ordenada. Viver em um meio adverso, sem ter uma âncora explicativa para os movimentos da natureza levaria o ser humano a não suportar a própria existência. E daí que surge a religião como um fenômeno humano, como uma dimensão essencial da vida.

Houve um período em que não havia nem deuses nem religião. Havia apenas a natureza com as suas leis. A consciência de si e do mundo permitiu ao homem a elaboração de sofisticados símbolos. O símbolo (significante) cria uma mediação entre o mundo e o próprio homem, pois carrega um significado (conteúdo virtual do significante). As religiões precisam de símbolos, assim como as demais manifestações humanas. Ao criar símbolos, o homem passou a criar cultura. As religiões são manifestações da cultura e das condições materiais de certa época e lugar.

A religião judaico-cristã como qualquer religião está repleta de disputas e influências. Analisá-la hoje como um fenômeno monolítico é desprezar algumas importantes situações que foram responsáveis pela sua formação. É como, se diante de um trem, observássemos apenas um dos vagões, desprezando as demais composições. Um vagão apenas não é o trem. A religião dos antigos judeus era politeísta. Como era comum aos antigos povos do Oriente Médio, Israel possuía inúmeras divindades. Isso pode ser notado nos vários relatos bíblicos do Antigo Testamento. Javé era apenas uma das divindades. Fazia parte do panteão dos cananeus. O panteão cananeu era constituído por setenta deuses e deusas. Javé era mais uma das divindades, cujo patrono era o amoroso deus EL. Sua consorte era Aserá. EL significa “senhor”. No Pentateuco, aparecem inúmeras referências a EL – “El Shaday” (El ou “senhor da montanha”); El Elyon (el ou “deus altíssimo”); EL Olam (El ou “senhor altíssimo”); ou a designação majestática Elohim, que significa “Elvadíssimo”, “Altíssimo”.

O fato é que há um momento na história em que os isra-el-itas decidiram abolir o politeísmo e cultuar Javé como a sua divindade suprema. Os outros cultos foram proibidos. Um dos cultos mais praticados no Israel antigo era o culto a Baal, um jovem e viril guerreiro. A abolição de outros cultos não foi tranquila. Vários séculos foram necessários. É possível que o culto a Javé só tenha sido consolidado no período dos Macabeus, pois havia uma forte questão nacional envolvida.

No vídeo que pode ser encontrado no link a seguir, o professor Emerson Borges explica como se deu “a origem do deus bíblico”. Um excelente vídeo.

1. Indicação de leitura: https://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL652419-9982,00-DEUS+BIBLICO+PODE+SER+FUSAO+DE+VARIOS+DEUSES+PAGAOS+DIZEM+ESPECIALISTAS.html

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