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Em matéria de conhecimento literário eu não passo de um pedante. Um diletante raso, sem matéria, sem nervos fortes. Sou estreito como um regato em tempo de seca. Não li ainda a maioria dos clássicos universais. Aqueles livros que entraram na categoria de imortais. E quando lemos um livro como O Processo, vem a nós uma sensação de estupidez, de questionamento aniquilador: "Por que você perdeu tanto tempo antes de chegar até este livro?". Apesar de ter lido A Metamorfose há dois anos atrás mais ou menos, somente agora estou lendo O Processo. Este ano ainda quero ler O Castelo e Carta ao Meu Pai, textos célebres de Kafka.
E fica-nos a pergunta: "O que foi Franz Kafka?". Um ateu religioso, criador de mundos repletos de si mesmo? Uma mente complexa que parece antever (no dizer de Lukács) a decadência do mundo burguês? O escritor, nos seus textos, descreve a esquizofrenia do nosso tempo. O absurdo de nossos processos existenciais, ordenado por um poder burocrático invísivel. Somos baratas asquerosas e os outros homens fingem nos aceitar. Gregor Samsa é uma metáfora.
Continuemos a nossa leitura exultando esta descoberta. Ah! a literatura... musa de corpo excitante e intangível.
2 comentários:
Carlino, Kafka bate fundo mesmo. Ainda é um dilema o que ele quis dizer com suas parábolas, e vai continuar por bom tempo. Há, porém, uma literatura excelente em torno de Kafka. Recomendo-te o texto de Walter Benjamin sobre Kafka "Franz Kafka, a propósito do décimo aniversário de sua morte", que consta do livro "Magia e Técnica, Arte e Política" (um amigo disse ter visto esse livro disponível para download, se caso você tenha paciência para ler pela tela). Esse ensaio é maravilhoso, e revela muito de Kafka, coisas que por si só é difícil cogitar Chega a ser tão relevante e soberbo quando a obra de Kafka. O outro, trata-se de "Cartas a Felice", um texto de cem páginas deslumbrante produzido por Elias Canetti, e recém reeditado (depois de anos esgotado, e depois de intermitentes e desesperados pedidos de leitores) pela Cia de Bolso, a preço bom (creio que 29 reais, algo assim). Como todas as paixões, é melhor viver a literatura sem culpa: quando menos você perceber, já será um conhecedor do que há de melhor nela.
Abraços.
Obrigado, Charlles, pelas dicas. O texto do Benjamin eu tenho. Ainda não tive a oportunidade de lê-lo em meio a essa vida agitada. Não conhecia o texto do Canetti. Não esperava alguém como você comentando num espaço simples, despido de sofisticação e profundidade como este. Fiquei impressionado com a sua ousadia no texto sobre Vila-Matas.
Estou sempre acompanhado o seu ótimo blog!
Abraços, Charlles!
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