quarta-feira, março 28, 2012

Devaneios sobre o nada

Disse Nietzsche certa vez que "convicções são prisões". Fico a observar os movimentos dos radicais, dos religiosos, dos cínicos e vejo o quanto o ser humano é criador de suas próprias cadeias. Temos uma grande vocação para o ataque. Criamos antíteses em todo tempo. Se não gosto de algo, envido forças para objetar aquilo que me incomoda.

E aí me vem à mente outra frase de Nietzsche: "A verdade não é algo que alguém tenha e outro não". Talvez, um dos grandes males da humanidade seja essa necessidade de fecundar "verdades". Segundo o próprio Nietzsche, uma das perguntas mais relevantes feitas em toda a história da humanidade, encontra-se na bíblia. Ela não veio de Cristo ou de um dos profetas. Foi Pôncio Pilatos, o governador romano, quem a proferiu. Disse o famoso personagem histórico: "O que é a verdade?". Essa pergunta frágil e pertubadora é a grande questão a ser enfrentada por todo homem corajoso. 

Convicções estabilizam entendimentos. Estes supostos entedimentos geram uma garantia, uma sensação de segurança. Eximimo-nos de refletir por causa disso. De conseguir autonomia. Os homens mais felizes foram/são aqueles que, olhando para dentro de si, para os reveses, contradições e feiúras humanos, não se escandalizaram e acabaram avançando para uma nova etapa: a aceitação de sua condição enquanto criatura humana, colocado num universo imparcial, regido por leis naturais. 

Uma última afirmação nietzscheniana: "Quando não se coloca o peso da vida na própria vida, mas sim no 'além', no nada, então retira-se da vida toda a sua importância".

"O que é a verdade?"

Cito outro filósofo (Soren Kierkegaard): "Procuro uma verdade que seja verdadeira para mim". Eis a minha missão, eis a tua missão, eis a nossa missão.

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