quarta-feira, agosto 15, 2012

Uma noite com Piazzolla e Villa-Lobos

Ontem, após mais de cinco anos, fui a um concerto sinfônico. O Teatro Nacional fica a uns 30 quilômetros da minha casa. Como os concertos acontecem às terças-feiras e eu trabalhava o dia todo, ficava cansado em demasia para aguentar duas horas de atenção. Mas como houve uma pequena mudança no meu horário, na terça-feira, eu saio do trabalho às 16 horas. E deicidi, de uma vez por todas, comparecer ao Teatro Nacional para assitir ao concerto com a Orquestra do Teatro Nacional Claudio Santoro. A noite foi ótima. Saí de lá cheio de sensações latinas.

O maestro Claudio Cohen, como informou no início, anda numas investidas "regionais", trazendo nomes da música latino-americana. Ontem, por exemplo, estavam presentes Villa-Lobos e Piazzola. Entusiasmei-me quando vi que no programa teria As quatro estações e La muerte del Angel do grande compositor argentino e as Bachianas de número 4 e 7 do nosso Villa. 

A interpretação da Bachiana número 4 me emocionou. Assistir a um concerto ao vivo nos faz perceber determinadas nuanças sonoras que uma música ouvida em casa não nos dar. Eis aí a necessidade de ir aos concertos. Ao vivo, a música do Villa ganha em tragicidade, em morbidez e em beleza. Villa foi um artista genial - mas fujamos dos clichês. São notórias as cores e o cheiro do Brasil em cada nota. A ária e prelúdio da Bachiana número 4 me soaram como algo que eu nunca havia escutado. Muito belo. Cohen e a sua orquestra estavam numa noite de delicadezas excessivas.

Logo em seguida, sacou As quatro estações do mestre Pizzola - uma música ragasdamente emotiva, cheio de movimentos sublimes e um espírito assombrado por uma tristeza e uma melancolia lancinantes. Minha esposa riu de satisfação com aquilo. Disse que era lindíssima. Para La muerte del angel, o pianista chileno Roberto Bravo foi convidado. Bravo mostrou técnica e desempenho satisfatórios. Gostei. Em dado momento, segundo a minha esposa, houve um pequeno desencontro entre a orquestra e o pianista. Mas, que mesmo assim, não lançou para baixo a beleza soprada em forma de notas musicais. 

A última obra da noite foi a Bachiana número 7. Ao meu modo de ver, a Bachiana número 7 deveria ter vindo antes da 4 ou as duas obras do Villa deveriam ter sido executadas em sequência. Deixar uma obra como a número 7 para o final, não foi positivo. Já passava das dez horas da noite quando o concerto acabou. O público parecia cansado e a orquestra com aquele afã de final de festa.  Mas tudo bem! Na próxima terça-feira voltaremos àquela sala de produção de beleza. Será que com mais compositores "regionais" segundo Cohen? 

Oxalá!

Um comentário:

Anônimo disse...

Piazzolla? muito bom... ao seu lado? melhor ainda! Ótimo programa para quem aprecia a boa música! Bjus, te amo!