segunda-feira, agosto 06, 2012

Excertos extraídos do livro "O mundo assombrado pelos demônios", de Carl Sagan


Algumas afirmações de Carl Sagan que me chamaram a atenção da leitura que estou fazendo no livro O mundo assombrado pelos demônios:

[Na ciência] "Conclusões falsas são tiradas todo o tempo, mas elas constituem tentativas. As hipóteses sãos formuladas de modo a poderem ser refutadas" (...) 

A pseudociência é exatamente o oposto. As hipóteses sãos formuladas de modo a se tornar invulneráveis a qualquer experimento que ofereça um perspectiva de refutação, para que em princípio possam ser invalidadas. Os profissionais são defensivos e cautelosos. Faz-se oposição ao escrutínio cético. Quando a hipótese pseudocientífica não consegue entusiasmar os cientistas, deduz-se que há conspiração para eliminá-la". (p. 39) - (o destaque é meu por ter me chamado a atenção)

"Os seres humanos podem ansiar pela certeza absoluta; podem aspirar a alcançá-la; podem fingir, como fazem os partidários de certas religiões, que a atingiram. Mas a história da ciência - de longe o mais bem-sucedido conhecimento acessível aos humanos - ensina que o máximo que podemos esperar é um aperfeiçoamento sucessivo de nosso entendimento, um aprendizado por meio de nossos erros, uma abordagem assintótica do Unieverso, mas com a condição de que a certeza absoluta sempre nos escapará". (p. 46)

"Essa é uma das razões pelas quais as religiões organizadas não me inspiram confiança. Que líderes dos principais credos reconhecem que suas crenças talvez sejam incompletas ou errôneas, e criam institutos para revelar possíveis deficiências doutrinárias? Além do teste da vida cotidiana, quem verifica sistematicamente as circunstâncias em que os ensinamentos religiosos tradicionais talvez já não se apliquem? (É conecebível que as doutrinas e a ética que podem ter funcionado muito bem nos tempos patriarcais, patrísticos ou medievais sejam totalmente inválidas no mundo bastante diferente que habitamos hoje.) Que sermões examinam imparcialmente a hipótese de Deus? Que prêmios os céticos religiosos ganham das religiões estabelecidas - ou, nesse aspecto, que recompensas os céticos sociais e econômicos recebem da sociedade em que vivem?"

"A ciência, observa Ann Druyan, está sempre nos sussurrando ao ouvido: "Lembre-se, você é novo nisso. Pode estar equivocado. Já errou antes". Apesar de todo o discurso da humildade, mostrem-me algo comparável na religião. Acredita-se que as Escrituras sejam de inspiração divina - uma expressão com muitos significados. Mas e se forem simplesmente criadas por seres humanos falíveis? Os milagres são comprovados, mas e se forem, ao contrário, uma mistura de charlatanismo, estado de consciência desconhecidos, percepções errôneas de fenômenos naturais e doença mental? Nenhuma religião contemporânea e nenhum credo da Nova Era me parecem levar realmente em consideração a grandiosidade, a magnificência, a sutileza e a complexidade do Universo revelado pela ciência. (pp. 54,55).



Nenhum comentário: