quinta-feira, março 28, 2013

O grande Gatsby, de F.S. Fitzgerald

F.S. Fitzsgerald disse certa vez que "as coisas que envergonham as pessoas geralmente dão uma boa história". Acredito que ele toque aqui em um ponto central das vicissictudes humanas, pois tendemos a esconder aquilo que nos avilta, que enfeia o nosso caráter ou nosso passado. Talvez essa frase sirva, ainda, para resumir metalinguisticamente a sua literatura. Afinal, Fitzgerald viveu uma das épocas mais opulentas da história do capitalismo na América. 

Era o período posterior à Primeira Grande Guerra. A época de ouro do jazz; de uma América voltada para o hedonismo; para os vícios; para a ostentação. Voltada acima de tudo para uma compreensão de que aquilo que experimentava era eterno. Que sua sociedade havia alcançado um modelo definitivo. E, para isso, necessitava esbanjar. Havia os muito ricos e aqueles que buscavam navegar nesse rio de aparências, mesmo não tendo condições - é o caso do escritor F.S. Fitzgerald. 

Dono de uma prosa refinada, Fitzgerald via-se obrigado a escrever de maneira frenética a fim de custear o estilo de vida de um grande dândi. Escreveu obras monumentais, contos que exemplificam o domínio perfeito da técnica. Mas acredito que sua grande obra tenha sido O grande Gatsby. Não pretendo fazer um resumo da obra - até porque estou com preguiça. Mas após ter terminado o livro pequeno (156 páginas na minha edição) e de prosa leve, singela e elegante, restou-me a certeza de que o Grande Gatsby não é qualquer livro. 

Francis Scott Fitzgerald
Ele descreve de maneira primorosa a sociedade americana pós-Primeira Guerra e antes da Crise de 1929 - conhecida, também, como período da Grande Depressão Econômica (tudo a ver com a história). Nota-se na obra o tom nababesco em que viviam os ricos - festas extraordinárias, mulheres belíssimas, bebibas finas, os carros (objetos caracterizadores dos grandes ricos) que eram sinônimos da modernidade, o riso frouxo, o enbanjar descomprometido. Para montar a história do livro, Fitzgerald cria a personagem Nick Carraway, responsável por contar a história de Jay Gatsby.

É um romance de forte sobriedade e com pitadas eloquentes de melancolia. Para muitos, ele personifica o sonho da sociedade americana, de uma sociedade que alimentou uma crença ingênua e incontida de que a vida não pode ser dobrada pela dialética da história. O tema do romance continua vivo e atual. Não é à toa que é considerado como um dos principais livros da literatura americana do século XX. Somente quem esteve dentro desse período histórico como o fez Fitzgerald, tem autoridade para contar com arrojo e realismo o que se passou. Mais que uma obra literária, O Grande Gatsby é um registro sociológico, antropológico e históriográfico do que foi este período tão peculiar da história americana.

P.S. Os cinemas do mundo, este ano, exibirão o filme O Grande Gatsby, que abrirá o Festival de Cannes, na França. Por aqui, o filme tem data prevista para 7 de junho. A primeira adaptação para o cinema aconteceu em 1974, com roteiro de Francis Ford Coppola e que acabou não emplacando. Dessa vez, a direção fica a cargo de Baz Luhrmann, mais conhecido pelo seu Moulin Rouge, de 2001. Leonardo DiCaprio fará o papel de Jay Gatsby.  É esperar para ver.

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