Já deixei aqui por várias vezes a minha posição - que acredito ser tergiversante - sobre a religião institucional. Simplesmente, não ponho "a minha fé" naquilo que os fiéis chamam de deus ou outra força qualquer. É uma discussão pífia, um ramerrão insuportável, o debate sobre a existência ou não existência de deus. Vejo determinadas manifestações religiosas com profundo asco. É tudo tão infantil e desmesurado. Uma violência simbólica. Um sonho, um abraçar o escuro e, que no fim, resulta numa expectativa de estabilidade espiritual, que não é nada em si.
Hoje me chegou o Breviário da Decomposição - um dos três livros que comprei desse autor -, do escritor franco-romeno Cioran. No primeiro capítulo intitulado "Genealogia do Fanatismo", encontramos as seguintes palavras:
"Em si mesma, toda ideia é neutra ou deveria sê-lo; mas o homem a anima, projeta nela suas chamas e suas demências; impura, transformada em crença, insere-se no tempo, toma forma de acontecimento: a passagem da lógica à epilepsia está consumada... Assim nascem as ideologias, as doutrinas e as farsas sangrentas. Idólatras por instinto, convertemos em incondicionados os objetos de nossos sonhos e nossos interesses. A história não passa de um desfile de falsos. Absolutos, uma sucessão de templos elevados a pretextos, um aviltamento do espírito ante o Improvável. Mesmo quando se afasta da religião, o homem permanece submetido a ela; esgotando-se em forjar simulacros de deuses, adota-os depois febrilmente: sua necessidade de ficção, de mitologia, triunfa sobre evidência e o ridículo. Sua capacidade de adorar é responsável por todos os crimes: o que ama indevidamente um deus obriga os outros a amá-lo, na espera de exterminá-los se se recusam. A história não passa de um desfile". São palavras de resplandecência nietzscheneana. Aliás, Cioran era um ardoroso leitor de Nietzsche. Mais que crítica destruidora, a afirmação do filósofo nos alerta para o niilismo anti-humano da religião.
O propósito deste post, deixando de lado o clima infenso, é compartilhar as três tiras ácidas abaixo, que explicam mais do que qualquer estudo antropológico e filosófico o processo hegemônico de dominação da religião cristã. As três suscitam de forma cômica e inteligente um debate relevante. Por que o deus judaico-cristão é o único deus? Por que o cristianismo é a religião que possui mais fiéis no mundo? As tirinhas foram tiradas da página Um sábado qualquer, do Facebook. As três são geniais!
2 comentários:
Muito boa a postagem. Estou compartilhando nas redes sociais. Abraço.
Obrigado, Cassionei, pela leitura e divulgação!
Abraços!
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