sexta-feira, outubro 24, 2014

Sobre a cartada desesperada da Veja

Uma tentativa de golpe político como o aplicado pela revista Veja demonstra o perfil de nossas elites e a conivência criminosa dos seus apoiadores ocultos. Durante o período a partir da República (1889), o país nunca ficou mais de 30 sem que houvesse um golpe ou uma mudança política realizada por intermédio do jogo de cartas das velhas oligarquias. O último intento da Veja é a tentativa desenfreada e desesperada de confundir milhões de brasileiros. Isso tem acontecido com uma regularidade científica. Já daria para formular uma lei com todos os elementos do processo científico - ou seja, período das eleições, o PT está na frente. O candidato da Veja está atrás numericamente nas pesquisas, então, a consequência: arma-se ou se constrói uma reportagem supostamente bombástica para tentar reverter o cenário. Somente uma pessoa desguarnecida de inteligência e discernimento não consegue perceber o quanto essas notícias possuem fins eleitorais. 

Em um segundo turno que parecia que não haveria reversão para a candidata do PT. Os debates se iniciam e o povo percebe que a candidatura de Dilma está assentada em dados sólidos, de mudanças reais, como afirma o jornal espanhol El País. De repente, há uma mudança no jogo. Dilma avança, abre uma vantagem considerável em relação ao candidato do PSDB. E no dia em que ela chega a abrir 6 pontos, segundo o Datafolha e, 8, segundo o Ibope, a Veja solta o factoide, como se fosse uma dinamite criminosa que não poupa nem respeita o direito do povo brasileiro de escolher. Isso apenas atesta a minha tese de que com uma imprensa como essa que temos, retrocedemos aos piores dias da história. A Veja e seus associados, que não se manifestam, mas que aplaudem essa iniciativa, prestam um desserviço ao povo brasileiro. Aniquila a inteligência de muita gente. Amarre a ponta dos fatos e você perceberá como os perdedores somos nós, os trabalhadores. 

Essa "narrativa absurda" da Revista, faz-me lembrar o livro "O Processo", de Franz Kafka. No livro, K., personagem central, dorme e acorda pela manhã em uma cela. Ele não sabe o que acontece com ele. A única coisa que ele fica sabendo é que há um processo, uma acusação sem rosto, sem matéria, sem substância, contra a sua pessoa. Apenas uma acusação impessoal, vinda das entranhas da burocracia de um ente invisível. No livro, K. tenta descobrir quem fez aquilo com ele, mas acaba não descobrindo. O que fica é um absurdo de uma acusação que se mostra surreal, não fática, mas que domina e provoca estragos. Da mesma forma, desenha-se um contexto absurdo, quase onírico, pela Revista a 72 horas das eleições. Aqueles que são defensores do bom senso e da verdade; que lidam com a lógica e com o argumento coerentes, acabam ficando insatisfeitos e decepcionados com tão grande leviandade - meu caso!. Não se trata de jornalismo. Trata-se obviamente de golpe baixo. De vilania. De maucaratismo radical. De picaretagem estrutural. 


3 comentários:

Ramiro Conceição disse...

Carlinus, uma pergunta fundamental…
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Como seria possível um golpe, no qual, vamos admitir por hipótese, Dilma e Lula fossem os capos de tutti e, concomitantemente, o principal partido de oposição se locupletasse (via Sérgio Guerra/Álvaro Dias, até o momento…) e se fortalecesse para que, finalmente, pudesse derrotá-los nas eleições em andamento? Dá para acreditar?
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Ora, isso só é possível dentro de um cínico-jornalismo de um marginal semelhante, por exemplo, ao rola-bosta (que deve começar a se preocupar, seriamente, pois na segunda-feira, 27/11/2014, após a vitória democrática de Dilma, dar-se-á inicio ao longo processo judicial que colocará os EFETIVOS capos de tutti e seus pistoleiros atrás das grandes, por tentativa de CRIME ELEITORAL contra a República: quem viver vera!...).
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Minha recomendação fundamental é que a PF, a partir da semana que vem, bloqueie os passaportes de cada específico marginal associado ao VEJÃO. Assim evitar-se-á a fuga da quadrilha para fora do território brasileiro. Afinal, marginais são marginais!

Carlinus disse...

Isso é um sonho, meu caro Ramiro! Deveriam prender também alguns "criminosos" da Rede Globo. O golpe sempre foi usado no continente latino-americano. Todavia, com o esclarecimento de boa parte da sociedade, não há como tolerar esse prática infame e desesperada das oligarquias caducas. Que a Dilma consolide essa vitória para que o meu coração não sofra tanto.

Ramiro Conceição disse...

E o meu também, Carlinus...
Não consigo dormir direito, há três dias...
Mas tal qual dissi o poeta, no programa da Dilma: "... estamos a regar a flor da felicidade".

Assim seja!