Uma vida honesta, em que o sujeito fosse autêntico, acredito, deveria ser o objetivo de vida de todo de todos aqueles que querem encontrar a felicidade. A modernidade nos colocou numa condição que nos separou completamente do exercício da autoanálise. Os objetos periféricos da vida se tornaram mais importantes do que a própria vida. Nunca fazemos perguntas fundamentais, como as que se seguem:
Como penso?
Como eu falo?
Como eu trato os outros?
Que pensamentos adotei de outros sem que refletisse a respeito?
Há uma pergunta feita por Nietzsche que deveria iluminar a nossa preocupação; fixar-se em nosso interior como objetivo inexpugnável: "Como transformar a minha vida numa obra de arte?"
O caminho necessário para que esse parto existencial aconteça é procurar ficar "nu" diante de si mesmo. Há certas pessoas que vivem cinquenta, sessenta, setenta, oitenta anos, sem que venham a se dar conta de quem de fato são. A modernidade nos condenou à rapidez. Não pensamos, refletimos. Desejamos que tudo aconteça de forma rápida. As crianças são ensinadas desde cedo lidarem com a velocidade, com a instantaneidade, sem terem noção de que o movimento da vida que nos leva à suprema sabedoria é completamente outro. Uma geração inteira está sendo concebida sem que os indivíduos saibam lidar com as suas frustrações. Simplesmente, vomitamos sentenças. Preocupamo-nos com as aparências e esquecemos o essencial da vida, que é o exercício do autoconhecimento.
O eu não existe por si só; ele é uma construção. O eu é adquirido e criado por meio de prática. Evocando Nietzsche, pode-se afirmar: "Só valem a pena aqueles pensamentos concebidos enquanto estamos caminhando".
É preciso ficar bastante atento para que nossas ações não sejam as ações dos outros. Para que as minhas falas, não sejam as falas dos outros; que o meu olhar, não seja o olhar dos outros; que as minhas ideias não sejam as ideias dos outros, concebidas sem nenhuma reflexão; que elas não sejam aquilo que os outros querem que eu pense.
Caminhemos em silêncio, pois é assim que teremos nossos próprios pensamentos.
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