sexta-feira, novembro 02, 2012

A vida de Brian , de Monty Python - obra cáustica e genial

Hoje à tarde dei boas risadas assistindo ao filme A vida de Brian, de Monty Python. Talvez tenha sido um dos melhores filmes com temática séria e história nonsense já inventado. A vida de Brian é considerado por muitos como um dos melhores filmes de comédia de todos os tempos. O resultado é cáustico. No fundo, o recurso intertextual da obra referencia outros filmes consagradas, constituindo-se numa espécie de anti-Ben-Hur ou uma sátira (o musical à americana do final) a Jesus Cristo Superstar (outra fantástica obra que satiriza os eventos bíblicos), de Llyod Webber Tim e Rice.

O grupo inglês ao produzir A vida de Brian fez uma crítica contudente a como se fecunda um mito ou como se cria uma ideia religiosa. O filme conta a história de Brian, que vive em uma época paralela à de Jesus. Brian se torna aliado a grupo separatista que luta contra a tirania do Império Romano. A obra possui dois momentos muito bem definidos: o destaque ao contexto histórico de como viviam os judeus e o segundo momento em que Brian é confudido com o messias. Uma multidão o segue como um grande sábio, mas ele foge de tudo isso. 

Mas, a história quer mostrar que Brian era alguém cuja missão não poderia ser abandonada (cena surreal é aquela em que ele cai dentro de uma nave espacial pilotada por alienígenas, que fogem  numa perseguição galática). Ele vive situações como as de Cristo (o que no fundo é uma sátira). Mete-se em muitas confusões após ter as suas palavras entendidas como profecias. Objetos dele são tidos como amuletos. Brian acaba sendo crucificado pelos romanos, numa referência clara a Cristo.

 O que impressiona nessa obra de crítica às avessas é o modo como ele refaz o caminho da criação de supostas ideias ditas infalíveis e santas. A vida de Brian critica o modo como as massas são oprimidas pela superstição e se deixam conduzir de maneira voluntária. Não é à toa que foi polêmico quando lançado. Muitos grupos religiosos se posicionaram criticamente contra a obra.

Umas das cenas mais fantásticas do filme é aquele em que ele fala à multidão certa manhã. A mensagem de Brian para multidão é emblemática. Após ter acordado, vai até a janela e se depara com a multidão que o espera - uma clara alusão aos textos bíblicos. Ele fala à multidão que nós somos responsáveis por nossa própria história; somos condutores de nosso próprio destino. Não devemos nos deixar conduzir. Somos humanos, históricos e isso nos dá uma tarefa: construir as pontes que nos levarão aonde ninguém é capaz de nos levar.

Certamente esse é um dos melhores filmes que eu já vi - furioso em sua descontraída história.

Abaixo, a cena épica na qual Pilatos (com dislalia) entrevista Brian. Ri muito com esta cena. Preste atenção nas subtilezas do diálogo. Uma paródia genial.


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