domingo, dezembro 18, 2011

Érico Veríssimo, a honestidade da literatura

Ontem, 17 de dezembro de 2011, se vivo, Érico Veríssimo completaria 106 anos de idade. Absurdo alguém viver 106 anos? Não! Dia 15 de dezembro, Oscar Niemeyer completou 104 anos, com margem de voo para mais uns dez! O fato é que Érico era cardíaco e foi isso que fê-lo deixar este mundo em 1975. O escritor é dono de uma obra sólida e respeitada. Recordo-me que ainda era um adolescente quando entrei em contato com a sua literatura. Era um volume de Olhai os Lírios do Campo, um dos seus manifestos humanizantes e políticos.

O livro me deixou com uma visão do belo. Depois vieram outros - O Resto é Silêncio, Clarissa, O prisioneiro, Solo de Clarineta I etc. Existe uma fluência, uma cadência gostosa no estilo do Érico. Para alguns críticos, tal fluência beira o simples, o que resulta numa obra sem profundidade. Embora, a minha opinião não interfira em tal juízo sobre o escritor, discordo plenamente. Obras como a Trilogia de O Tempo e o Vento (que possui mais e duas mil páginas) ou Incidente em Antares, são suficientes para atestar a competência e profundidade de Érico. O crítico é sempre o chato que nada faz e sempre dá pitacos desnecessários para "enlamear" a virtude alheia.

Algo que sempre me chamou a atenção é que a obra de Érico sempre foi atual em sua temática. E por conta desse aspecto relevantíssimo, penso que o Ministério da Educação, as escolas e os professores de Língua Portuguesa e Literatura deveriam enfatizar a importância da obra do gaúcho para as novas gerações. Que os adolescentes ao invés de lerem aquelas mitologias vampirescas sem nexo, com abordagens artificiais, lessem o bom e velho Érico - sempre gentil, sempre amoroso, sempre sensível. Em 2003, após ler sua autografia - Solo de Clarineta - bateu-me um profundo senso de respeito à obra do autor de O Senhor Embaixador. Recordando a sua vida, Érico cita a importância da música de Brahms, Bach e Mozart para a sua existência. O quanto, por exemplo, Brahms lhe fazia bem. Impingia sensações boas, prazerosas.

Em minha biblioteca particular, devo ter mais vinte livros do escritor, algo que muito me orgulho. Em alguns momentos, olho para a trilogia de O Tempo e o Vento e suspiro. Nenhum escritor brasileiro é tão honesto quanto Érico Veríssimo. As mais de 2 mil páginas da trilogia ainda são um grande desafio. Penso em lê-las futuramente. Há livros que são imprescidíveis e que devem ser lidos antes da morte de qualquer indivíduo. Nesta lista encontram-se Os Miseráveis de Victor Hugo, Guerra e Paz de Tolstoi, A Divina Comédia de Dante, Dom Quixote de Cervantes, Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa, Os irmãos Karamazov de Dostorivéski, entre tantos outros; e penso que a trologia de O Tempo e o Vento se inscreve necessariamente nesta lista.

Abaixo, indico o texto do literato e profundo conhecedor da obra e de muitos aspectos pessoais da obra de Veríssimo Milton Ribeiro. O texto saiu ontem no site do jornal gaúcho Sul 21. No texto, Milton resslta os aspectos mais importantes da vida do escritor nascido em Cruz Alta.

O vídeo abaixo possui a direção do escritor mineiro Fernando Sabino, que era metido a cineasta. A sua Bem-Te-Vi filmes produziu alguns filmes curiosos, de escritores como Manuel Bandeira, Carlos Drummond, Vinícius de Morais, entre outros. Sabino também produziu um belo filme sobre Érico Veríssimo. Algumas curiosas caractéristicas podem ser ressaltadas - a música de Brahms (terceiro movimento da Terceira Sinfonia de Brahms), o homem de família - com os netos e com sua esposa Mafalda) e o seu "porão liberdade", como ouvi certa vez o seu filho Luís Fernando dizer que o pai chamava o seu local de trabalho.

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