terça-feira, dezembro 20, 2011

Fantoches


"A suprema ironia do capitalismo é que o dominado pensa com a cabeça do dominador". Alberto Tosi Rodrigues.

Algo que me deixa bastante absorto é a existência de uma crítica pesada e injusta com tudo aquilo que se refira a Marx. Na existência dos dualismos, Marx e o marxismo personificam o mal. Até aí tudo bem, pois o alemão cortou com o bisturi da dialética o nervo da história e expôs as relações dos homens - com eles mesmos e com a história. Curioso, é que a maioria daqueles que falam mal de Marx sequer tiveram a curiosidade de ler uma página dos seus escritos, de suas reflexões.

Vivemos uma época de mortícinios - da natureza, das relações dos homens com os homens; do homem como sujeito histórico e da capacidade de se insurgir. Vivemos em uma época de cinismos, de acomodamentos cegos. Somente somos quando temos condições de consumir. Ontem, enquanto assistia aos jornalões da Tv, que mais deformam do que informam, percebi como foi tratado em tom de chacota a morte do líder da Coreia do Norte - King Jong-il. À sua pessoa estava agregada a "pecha" "tirano comunista".Que não se leia aqui uma defesa ao obscurantista King Jong-il. Por sua vez, vi também o anúncio da morte de Vaclav Havel. E algo assim: "A Europa chora!". "Aquele que ajudou, que resistiu à ditadura comunista!" "Que lutou pela democracia no leste europeu".

O que me deixa estarrecido com esse tipo de informação é a capacidade cínica de deixar mensagens subliminares. Tal discurso é criminoso e voluntarista. A mídia arrivista possui um contrato com a imoralidade e com a mentira. É função dela domesticar. "Amansar", "doutrinar", criar uma ideia de pacifidade. Criminaliza-se todo e qualquer esforço dos trabalhadores. Mas não contam verdadeiramente que vivemos sob uma ditadura. Que a nossa liberdade é falsa. Que somos livres apenas para vender a nossa força de trabalho e consumir, resultando numa ciranda que nos dá uma compreensão a-histórica daquilo que de fato somos. Esquecem que a consciência está ligada aos modos materiais de vida, ao intercâmbio econômico entre os homens e que nos deram a mais criminosa de todas as percepções - a ideia de liberdade.

"À medida que o tempo passa a sociedade capitalista se estabiliza, ela é percebida pelas pessoas, na vida cotidiana, como a única sociedade possível. Assim como em outros, a sociedade feudal, por exemplo, foi percebida pelos homens com a única sociedade possível (durante séculos, num intervalo de tempo, aliás, bem maior do que a duração do capitalismo)". Alberto Tosi Rodrigues, Sociologia da Educação, p. 37

E a barbárie toma conta do mundo. Para aonde estamos indo?

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