domingo, dezembro 25, 2011

Lolita (de Kubrick), obra menor. Imagine as maiores?

Ainda estarrecido por causa da maestria de Stanley Kubrick. Comecei a ver no dia de ontem o filme Lolita (1962) do diretor americano Stanley Kubrick. Terminei hoje pela manhã. Assisti ao filme em prestações. O filme é baseado num dos livros mais controversos do século XX, escrito pelo russo Vladimir Nabakov, Lolita (1955). Vale lembrar que em 1997, foi feita uma releitura da obra em um outro filme com o mesmo nome, pelo diretor Adrian Lyne. Vi algumas cenas e achei que a nova versão abusou na sensualidade, na lascividade exagerada da ninfeta Lolita. Ou seja, não dá para comparar com a primeira versão de 1962. Voltemos ao maestro Kubrick. É curioso como um filme feito há tanto tempo conserve traços de uma obra genial.

Alguns críticos dizem que se trata do filme mais "fraco" de Kubrick. Discordo. Quando se trata de Kubrick tudo é um detalhe a ser observado. Fico refletindo por horas e horas como um filme como Lolita, sem efeitos mirabolantes, sem as técnicas computadorizadas da atualidade apreende a atenção do telespectador por duas horas e meia. E chego à conclusão: o que nos prende é a maestria das cenas, das falas, da habilidade dos atores, do enredo muito bem urdido, amarrado; da história muito bem construída. As cenas iniciais do filme são de um drama fascinante.

O professor de literatura francesa, Humbert Humbert, invade a mansão do produtor de cinema Clare Quilty, com um revólver, disposto a fuminá-lo. O diálogo do professor com o produtor de cinema é genial. Digno dos grandes suspenses. Longo em seguida, a obra nos conduz por um flash back, o que de fato nos insere na história. O ponto crucial é saber que o professor Humbert fica obcecado por Lolita, uma adolescente envolvente. É capaz de casar com a mãe da adolescente para ficar próximo da menina. Escreve num diário sua obsessão pela adolescente. A mãe da garota descobre e fica transtornada. Sai de casa em disparada e acaba sendo atropelada. Morre. Daí, a obra toma características de um road movie. Humbert sai em viagem com a garota.

A obra possui um eixo estrutural muito bem realizado, possuindo diversas qualidades literárias. Vai do início dramático, a um romance de menor significância, quando o professor se estabelece e passa a morar com a mãe de Lolita. Depois, como aludido acima, passa para um road movie, com uma curiosa viagem de carro. Logo em seguida, de forma extraordinária, revesa para o mistério, quando o professor Humbert e a jovem começam a ser persguidos por um sujeito oculto. A obra nos posiciona à frente de uma tensão repleta de curiosidade. E depois somos colocados numa atmosfera policial.

O que observei em Lolita foi a acapacidade do diretor de tornar um telespectador num "semipersonagem" da história. Vale ressaltar que para isso ocorresse, a atuação do ator James Mason, que fazia o papel do professor Humbert, foi crucial. Seus diálogos são de uma visceralidade incrível. Se Lolita é uma obra "menor" de Kubrick, imagine o que ele é capaz de fazer com as obras "maiores" ?

Que pena que na atualidade não tenhamos outros Kubricks.

Cenais iniciais do filme: os traços do gênio. O carro rasgando a estrada com a paisagem repleta de névoa branca. As árvores desnudas e cadavéricas... Ah! Kubrick...

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