Andando por Brasília, identificado como eleitor de Haddad, cruzo
volta e meia com os defensores do Coiso. Seus olhares às vezes são de
espanto, espanto por alguém ter a coragem de se manifestar à esquerda.
Mas em geral são de desprezo e ódio.
Alguns andam com a camiseta
verde e amarela com a inscrição "Meu partido é o Brasil". Eles
provavelmente nem sabem, mas estão fazendo uma profissão de fé fascista.
Se o partido deles é o Brasil, qualquer outro partido será contra o
Brasil. A dissensão vira traição, a
discordância fica interdita. Não há espaço para a democracia - cujo
"gesto inaugural", de acordo com a bela fórmula de Claude Lefort, "é o
reconhecimento da legitimidade do conflito".
Discursos políticos de vários matizes costumam evocar uma harmonia
perdida, que seria preciso restaurar, mas a exacerbação desse traço no
bolsonarismo é claramente uma opção autoritária. Descende das afirmações
tão repetidas de que "o PT criou a luta de classe no Brasil" ou "o PT
jogou negros contra brancos no Brasil" (assim como as feministas jogam
mulheres contra homens etc.). O conflito não nasce da organização social
e das formas de exploração e dominação que ela engendra, mas da ação
deliberada de agentes nefastos.
Com isso, as estruturas de exploração e dominação são protegidas, já que a culpa da divisão social não é delas, mas de quem as denuncia. A camisa da seleção, que inspira a camiseta "Meu partido é o Brasil" e é adotada ela própria por muitos bolsonarianos, é um símbolo inconscientemente poderoso. Todos torcemos juntos. Mas quem ganha são os cartolas corruptos da CBF.
Quando não é a camiseta amarela, é a camiseta preta, cuja estética é inegavelmente fascista, muitas vezes adornada com desenhos de rifles. Uma delas, entre as que vi, trazia a caveira do Punisher, "herói" da Marvel dedicado a assassinar aqueles que ele julga que são bandidos. A intimidação e a violência são assumidas como soluções - sem disfarce, sem rodeios.
É claro que Bolsonaro não quer ir aos debates. Não é por recomendação médica. Não é nem mesmo por estratégia política, como ele disse outro dia. É por princípio. A posição que ele encarna tem como um de seus elementos básicos a recusa do debate político.
Via Facebook
Com isso, as estruturas de exploração e dominação são protegidas, já que a culpa da divisão social não é delas, mas de quem as denuncia. A camisa da seleção, que inspira a camiseta "Meu partido é o Brasil" e é adotada ela própria por muitos bolsonarianos, é um símbolo inconscientemente poderoso. Todos torcemos juntos. Mas quem ganha são os cartolas corruptos da CBF.
Quando não é a camiseta amarela, é a camiseta preta, cuja estética é inegavelmente fascista, muitas vezes adornada com desenhos de rifles. Uma delas, entre as que vi, trazia a caveira do Punisher, "herói" da Marvel dedicado a assassinar aqueles que ele julga que são bandidos. A intimidação e a violência são assumidas como soluções - sem disfarce, sem rodeios.
É claro que Bolsonaro não quer ir aos debates. Não é por recomendação médica. Não é nem mesmo por estratégia política, como ele disse outro dia. É por princípio. A posição que ele encarna tem como um de seus elementos básicos a recusa do debate político.
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