domingo, outubro 07, 2018

De uma conversa via WhatApp


..., sua explicação faz sentido! Grande parte da esquerda pensa assim. Mas é preciso apontar  algumas coisas:

(1) Não sou cirista. Mas foi a primeira vez que votei para presidente em um candidato que não é do PT. Fiz com a faca entre os dentes e um peso enorme na consciência. Parece que eu estava cometendo um crime (risos!). Deve ser a consciência de classe! A minha relação com a história. Pensando por viés de coerência ideológica, todos deveríamos votar no Boulos, que apresenta uma pauta mais à esquerda e mais próxima das demandas dos trabalhadores. Mas, infelizmente, o PSOL ainda não é um partido de penetração popular. O PT é aquilo mais próximo do povo que conseguimos construir no campo progressista em 500 anos.  

(2) A campanha eleitoral de 2018 teve início logo após a de 2014. A vitória de Dilma foi tiro de misericórdia para a elite econômica e política do país. Eles sabiam que era preciso parar o PT. Neutralizar o governo Dilma e aniquilar o seu principal líder, Lula. Pelo transcorrer natural da história, Dilma sairia e Lula ganharia em 2018. Os donos do poder sabiam que isso aconteceria. Seria um processo para o qual não haveria freios. O golpe foi pensado com esse objetivo. Lula mesmo preso, tentou manter o PT na luta. Isso é legítimo, embora entenda que devesse haver apenas um candidato de esquerda em torno de uma coalizão. Lula deu um xeque-mate em Ciro, sem deixá-lo com muitas alternativas. Capturou as principais alianças. Recordo-me que Ciro recorreu até mesmo ao Centrão. Ainda bem que não deu certo. Ele pensava pragmaticamente,  mesmo sabendo o preço que pagaria caso fosse eleito. Não tendo muitas alternativas, formou uma chapa puro-sangue com a Kátia Abreu (um nome que causa arrepios nos eleitores da esquerda). Lembre-se de que, sendo do MDB de Temer, foi uma das mais aguerridas defensoras de Dilma durante o golpe. Isso a isenta das sinalizações políticas do passado? Não.  Todavia, é preciso olhar para ela com o pouco mais de parcimônia. 

(3) Ciro é um candidato para o qual muito esquerdista vira o rosto, mas, é uma alternativa no campo popular. Isso não pode ser negado. Não podemos dizer que Ciro está do lado de lá. Um dos graves erros do PT é entender que ele, somente ele, vocaliza as demandas da esquerda; que ele é a esquerda legítima. Essa estratégia apenas fortalece o lado oposto. Nesta eleição, por exemplo, a estratégia colocou o país em perigo, deixando-nos à mercê de um hitlerzinho medíocre dos trópicos chamado Jair Bolsonaro. 

(4) Ciro já foi ministro de Lula e já foi ministro de FHC. Atualmente, está no PDT de Brizolla, um dos sujeitos que mais entenderam as elites entreguistas do país. O PDT é um partido nacionalista. Possui incoerências como qualquer partido, mas possui um lastro histórico bastante respeitável. Se o discurso de Ciro não é arraigado no chão semântico daquilo que converge centralmente para a esquerda, o seu nacionalismo é autêntico. É preciso pensar numa liderança que consiga discernir a conjuntura sem paixões exacerbadas.

(5) Votei em Ciro, mas sei que o segundo turno será entre o Bozo e o Haddad. As chances do PT são imprecisas, mas a militância (e todos os democratas) precisa construir uma estratégia de luta para reverter a narrativa em torno da figura do candidato do PSL. É preciso apontar as incoerências, os blefes; o lodo que existe em torno de sua personalidade; o quanto um candidato como ele é pernicioso para os trabalhadores, para as mulheres, para os negros, quilombolas, para os gays etc. Bolsonaro é um fenômeno, e como todo fenômeno, há doses fortíssimas de psicologia em torno de dele. O fato dele não ter ido aos debates, ajudo-o a se fortalecer. No segundo turno, ele terá que comparecer aos debates e, acreditamos, que a sua mediocridade ficará exposta. Ele não poderá se esconder. Seja Ciro ou Haddad, vai ser preciso desconstruir a casca imantada que existe em torno dele; deixá-lo nu para que seja percebido o quanto é estúpido, boçal e um grande atraso civilizatório. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa cara, em que mundo você vive. Um lixo como apreciador da boa música, muito pior: um lixo como pessoa, é notorio um elitismo forçado. Alma sebosa!