..., sua explicação faz sentido! Grande parte da esquerda
pensa assim. Mas é preciso apontar algumas coisas:
(1) Não sou cirista. Mas foi a
primeira vez que votei para presidente em um candidato que não é do PT. Fiz com
a faca entre os dentes e um peso enorme na consciência. Parece que eu estava
cometendo um crime (risos!). Deve ser a consciência de classe! A minha relação
com a história. Pensando por viés de coerência ideológica, todos deveríamos
votar no Boulos, que apresenta uma pauta mais à esquerda e mais próxima das
demandas dos trabalhadores. Mas, infelizmente, o PSOL ainda não é um partido de
penetração popular. O PT é aquilo mais próximo do povo que conseguimos construir
no campo progressista em 500 anos.
(2) A campanha eleitoral de 2018 teve
início logo após a de 2014. A vitória de Dilma foi tiro de misericórdia para a
elite econômica e política do país. Eles sabiam que era preciso parar o PT.
Neutralizar o governo Dilma e aniquilar o seu principal líder, Lula. Pelo
transcorrer natural da história, Dilma sairia e Lula ganharia em 2018. Os donos
do poder sabiam que isso aconteceria. Seria um processo para o qual não haveria
freios. O golpe foi pensado com esse objetivo. Lula mesmo preso, tentou manter
o PT na luta. Isso é legítimo, embora entenda que devesse haver apenas um
candidato de esquerda em torno de uma coalizão. Lula deu um xeque-mate em Ciro,
sem deixá-lo com muitas alternativas. Capturou as principais alianças.
Recordo-me que Ciro recorreu até mesmo ao Centrão. Ainda bem que não deu certo.
Ele pensava pragmaticamente, mesmo
sabendo o preço que pagaria caso fosse eleito. Não tendo muitas alternativas,
formou uma chapa puro-sangue com a Kátia Abreu (um nome que causa arrepios nos
eleitores da esquerda). Lembre-se de que, sendo do MDB de Temer, foi uma das
mais aguerridas defensoras de Dilma durante o golpe. Isso a isenta das
sinalizações políticas do passado? Não. Todavia,
é preciso olhar para ela com o pouco mais de parcimônia.
(3) Ciro é um candidato para o
qual muito esquerdista vira o rosto, mas, é uma alternativa no campo popular.
Isso não pode ser negado. Não podemos dizer que Ciro está do lado de lá. Um dos
graves erros do PT é entender que ele, somente ele, vocaliza as demandas da
esquerda; que ele é a esquerda legítima. Essa estratégia apenas fortalece o
lado oposto. Nesta eleição, por exemplo, a estratégia colocou o país em perigo,
deixando-nos à mercê de um hitlerzinho medíocre dos trópicos chamado Jair Bolsonaro.
(4) Ciro já foi ministro de Lula
e já foi ministro de FHC. Atualmente, está no PDT de Brizolla, um dos sujeitos
que mais entenderam as elites entreguistas do país. O PDT é um partido
nacionalista. Possui incoerências como qualquer partido, mas possui um lastro
histórico bastante respeitável. Se o discurso de Ciro não é arraigado no chão
semântico daquilo que converge centralmente para a esquerda, o seu nacionalismo
é autêntico. É preciso pensar numa liderança que consiga discernir a conjuntura
sem paixões exacerbadas.
(5) Votei em Ciro, mas sei que o
segundo turno será entre o Bozo e o Haddad. As chances do PT são imprecisas,
mas a militância (e todos os democratas) precisa construir uma estratégia de
luta para reverter a narrativa em torno da figura do candidato do PSL. É preciso
apontar as incoerências, os blefes; o lodo que existe em torno de sua
personalidade; o quanto um candidato como ele é pernicioso para os
trabalhadores, para as mulheres, para os negros, quilombolas, para os gays etc.
Bolsonaro é um fenômeno, e como todo fenômeno, há doses fortíssimas de
psicologia em torno de dele. O fato dele não ter ido aos debates, ajudo-o a se
fortalecer. No segundo turno, ele terá que comparecer aos debates e,
acreditamos, que a sua mediocridade ficará exposta. Ele não poderá se esconder.
Seja Ciro ou Haddad, vai ser preciso desconstruir a casca imantada que existe
em torno dele; deixá-lo nu para que seja percebido o quanto é estúpido, boçal e
um grande atraso civilizatório.
Um comentário:
Nossa cara, em que mundo você vive. Um lixo como apreciador da boa música, muito pior: um lixo como pessoa, é notorio um elitismo forçado. Alma sebosa!
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