
John Steinbeck, ganhador do Prêmio Nobel no ano de 1962, focou a atenção num dos momentos mais conturbados da história do seu país - a Depressão Americana, aquele momento de falência do capitalismo na década de 30. Durante este período, que é resultado da Grande Crise de 1929, os Estados Unidos e vários outros países do mundo amargaram taxas impiedosas de colapso econômico. Desemprego. Fome. Pobreza excessiva. Recessão. Estagnação. Ausência de perspectivas no campo e na cidade.

É curioso como Steinbeck, um dos maiores romancistas do século XX, por meio de uma prosa simples, apresenta personagens que são verdadeiras metáforas de um momento histórico - uma mulher que sonha ser uma atriz de cinema e que tem a sua condição vulnerabilizada; é inteligente ao extremo, mas o fato de ser mulher impõe um fardo, uma sina, um carma.
Candy, um velho, que é metaforizado na figura do seu cachoro. Possuía um cachorro tão velho que teve de ser sacrificado. Com isso, Steinbeck quer demonstrar a terrível moral construída por uma sociedade que descarta aqueles seres que não possuem "mais nada a oferecer". A personagem consegue guardar dinheiro e tenciona comprar um rancho com George e Lennie.
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John Steinbeck |
Crooks é outro personagem importante da obra. É um negro. Vive à parte. Não possui uma boa relação com os demais personagens. Dos funcionários da fazenda, parece que é o mais instruído. Possui livros. Um código jurídico - o Código Civil da Califórnia, de 1905. Todavia, o que é curioso é que por mais que conheça o código, o valor legal do código não lhe está franqueado. A lei não se materializa com efeitos plenos. Sua condição de negro é vituperante.
Os personagens são verdadeiros tipos. São representações da sociedade. Daquele que foi um dos momentos mais tristes do século XX. Steinbeck com a sua atenção voltada para sujeitos que são relegados, que estão à margem, narra o quanto existe de esperança, de beleza e de sensibilidade na alma da gente simples.
Este é o primeiro livro que leio de Steinbeck. Possuo outros livros dele aqui em minha biblioteca. O principal deles é As vinhas da ira, um dos mais importantes livros da literatura americana do século XX e de leitura obrigatória. Notei a habilidade de Steinbeck para fecundar o final de uma história. Os golpes lancinantes de emoções desferidos para extinguir a história. Após a leitura, ficamos meio bobos e a verbalizar: "Meu Deus!". Steinbeck nos atinge bem no plexo.
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